Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Um descompasso que se finda
A ilusão bem-vinda
O enjaular que alivia
A hipocrisia que se cria
Uma vida descartada
Morte planejada
O desespero que impera
A alma que tolera
Amontoados de carne
Demonizados pela cor
Não gozam de direitos
Só vivenciam a dor
Gaiolas que aprisionam sonhos
Aniquilam com crueldade
A esperança de se viver
E ter dignidade
O sistema punitivo
Arcabouço primitivo
Regozija em ruína
Alimentado pela vingança
Que o ódio fascina
Invisíveis seres
Desprezados e aviltados
Uma classe que não tem quereres
Só lhes restam deveres
Julgados pela sociedade imaculada
Encarcerados pela imagem marginalizada
Deixados à própria sorte
Uma sentença de morte
A pobreza criminalizada
Miséria institucionalizada
Uma limpeza bem vista
Para a burguesia benquista
Sentença que cala
Sociedade que cega
Defende a barbárie
A lei que viola
O mal que assola
Neste triste fim
O recomeço se perde no caminho
Em grades metálicas
Ou cárceres morais
Sentenças que hão
De nos tornar bestiais.
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